Em "A Sociedade da Decepção", Gilles
Lipovetsky atenta para um paradoxo da felicidade em que “uma
atmosfera de entretenimento e distensão contínuos, de bem-estar
consolidado, coexiste com a intensificação dos obstáculos para se
viver e o aprofundamento do mal-estar subjetivo”. Vivemos pelo e do imediatismo. Experimentamos um
período em que é preciso reafirmarmo-nos sempre. A pergunta "quem sou eu?" é tão chata e tão difícil que desconfio que apenas as professoras de filosofia do ensino fundamental leiam respostas verdadeiras a cerca dela. Outra coisa interessante é que os problemas necessitam de rapidez e praticidade em suas
resoluções. Do contrário, aquele que não encontra o desenlace
perfeito para os desajustes diários é considerado fraco e infeliz. Paradoxalmente, as mudanças constantes da contemporaneidade
evidenciam as incertezas e assim, como não foi aprendido a lidar com as faltas, vivemos uma incerteza inquestionável. Não a incerteza que busca um outro certo, que duvida um pouco. Mas uma incerteza infundada, uma incerteza por não se ter argumentos. Somos um balão com cara de feliz e cheios de ar.
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